CBF mantém limite de nove estrangeiros no Brasileirão

A CBF decidiu, mais uma vez, adotar o caminho da manutenção em vez da modernização. Durante o Conselho Técnico desta quinta-feira (11), no Rio de Janeiro, a entidade confirmou que o Brasileirão de 2026 seguirá com o limite de nove jogadores estrangeiros por partida, número que, apesar de parecer alto, já não acompanha a dinâmica do mercado global de futebol. O tema, no entanto, será “aprofundado no próximo ano”, segundo a própria entidade, um discurso que se repete ano após ano e que, mais uma vez, revela um cenário de indecisão crônica. Nos últimos anos, o Brasil tentou acompanhar a tendência de flexibilização vista em ligas internacionais. O limite passou de cinco estrangeiros até 2023, para sete naquele mesmo ano, e posteriormente para nove a partir de 2024. O aumento progressivo parecia sinalizar uma abertura maior, mas, na prática, o país segue preso a um sistema de travas que outros centros do futebol já abandonaram. Em vez de avançar, a discussão retrocede por pressão de clubes que alegam possuir contratos vigentes com atletas estrangeiros, um argumento válido, mas que também evidencia a incapacidade de planejar o futebol nacional de forma integrada e com horizonte de longo prazo.
O contexto se agrava quando observamos que a reunião deste Conselho Técnico aconteceu de maneira atípica: ainda em dezembro de 2025. A antecipação foi necessária porque o Brasileirão de 2026 começará em 28 de janeiro, devido à realização da Copa do Mundo no meio do ano. A mudança de calendário exige agilidade, planejamento e clareza, mas o encontro expôs exatamente o contrário. Decisões estruturais seguem sendo tomadas sem previsibilidade, sem estudos amplos e sem participação técnica, um vício histórico do futebol brasileiro. Para completar, a CBF anunciou que a Copa do Brasil passará a distribuir duas vagas para a Libertadores, retirando uma das seis vagas até então garantidas via Brasileirão. A mudança, embora positiva para valorizar o torneio de mata-mata, aprofunda a sensação de improviso. Faltam detalhes essenciais: a vaga adicional será direta ou via fases preliminares? O que acontecerá em caso de campeões já classificados? Quais impactos isso trará na competitividade da Série A? Mais uma vez, faltam respostas e sobram decisões tomadas às pressas.
O futebol brasileiro vive um momento de transição, pressionado por SAFs, calendário comprimido, necessidade de receita e maior profissionalização. No entanto, a manutenção de regras provisórias, a postergação de discussões importantes e a falta de estudos sólidos mostram que o país ainda não conseguiu alinhar discurso e prática. O limite de estrangeiros é só a ponta visível de um problema maior: a incapacidade de pensar o futebol de forma estratégica. Enquanto isso, clubes, atletas e torcedores seguem navegando em um ambiente onde as mudanças chegam sem planejamento e as soluções chegam tarde.
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