"Maratona de Emoções: Vitória Brasileira, Domínio Queniano e a Trágica Morte de um Jovem na 40ª Maratona de Porto Alegre"

Wendell Jeronimo de Souza, vencedor da 40ª Maratona Internacional de Porto Alegre — Foto: Jefferson Botega/ Agencia RBS

Na manhã gelada do último domingo, o coração de Porto Alegre bateu no ritmo acelerado de milhares de passos. Aconteceu a 40ª Maratona Internacional da capital gaúcha reuniu suor, superação e histórias que se encontraram em meio a 42 quilômetros de intensas emoções. As ruas, que geralmente abrigam o fluxo cotidiano da cidade, foram tomadas por vozes ofegantes, aplausos e olhares esperançosos. Sob o céu cinzento, o brasileiro Wendell Jeronimo de Souza escreveu seu nome na história ao vencer a prova principal com o tempo de 2h15min47s. A disputa foi acirrada, marcada por cada metro de resistência contra dois dos favoritos africanos, o etíope Gebre Mulu Melsea e o queniano Vestus Cheboi Chemjor superados nos últimos metros com uma diferença de poucos segundos, em um final de tirar o fôlego. Na prova feminina, a força do Quênia mais uma vez se impôs no asfalto, Vivian Jeftanui Kiplagati cruzou a linha de chegada em 2h37min14s, consolidando a tradição queniana nas maratonas em todo globo. A conterrânea Violah Kosgei garantiu a prata, mas foi a brasileira Marcela Cristina Gomez que arrancou aplausos ao resistir à pressão africana, conquistando o bronze com 2h39min02s. Já no sábado, dia que antecedeu a maratona principal, Porto Alegre foi palco para outros percursos: a meia maratona de 21 quilômetros e as rústicas de 5 e 10 km. Cerca de 25 mil corredores marcaram presença, transformando a cidade em um verdadeiro cenário de celebração esportiva. Cada atleta, com seu próprio desafio, fez da corrida mais que uma competição, foi como um grito de vida, persistência e paixão.

João Gabriel Hofstatter De Lamare morreu enquanto corria meia-maratona em Porto Alegre — Foto: Reprodução/redes sociais

Mas nem todo passo dado foi de vitória. O sábado também foi marcado pela dor. Durante a meia-maratona, João Gabriel Hofstatter De Lamare, um estudante de 20 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. Era o dia do seu aniversário. Era sua primeira vez completando os 21 quilômetros. João, aluno do curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial na PUC-RS, carregava consigo o entusiasmo de quem sonha, de quem acredita que o corpo e a mente podem ir além. Seu falecimento deixou uma sombra de tristeza entre os corredores, organizadores e espectadores. Em meio ao barulho das passadas e à vibração das conquistas, houve também silêncio, luto e reflexão, lembrando que, por trás de cada número de peito, há uma vida, um coração, uma história a ser sempre valorizada.

Fábio Jesus Correia venceu na meia maratona masculina com 1h02min24s e de Laura Morales no feminino com 1h14min59s, mostrou a força do atletismo brasileiro, mas também revelou a potência do coletivo. José Antônio Machado da Cunha e Gabriela Bender brilharam nos 10 km, enquanto Paulo Samuel da Luz de Siqueira e Mariana Aparecida dos Santos lideraram nos 5 km. Em cada linha de chegada, um novo recomeço. Em cada gota de suor, uma vitória pessoal. E em cada batida de coração, uma promessa de que o esporte continua sendo um caminho de transformação, mesmo quando ele nos faz encarar o imponderável. A 40ª Maratona de Porto Alegre, com seus triunfos e sua perda, será lembrada não apenas pelos tempos cravados no cronômetro, mas pela intensidade com que tocou cada alma presente no percurso.

"De Casa Nova para o mundo: Gustavo Oliveira brilha em Porto Alegre e garante classificação para a Maratona de Boston."

Em meio às milhares de histórias que venceram a linha de chegada na 40ª Maratona Internacional de Porto Alegre, uma em especial fez brilhar os olhos da pequena Casa Nova, no sertão da Bahia. O motivo? O feito extraordinário de Gustavo Oliveira, atleta da equipe Acelerados, que escreveu uma página de campeão para o esporte da cidade. Com garra, disciplina e muita paixão pela corrida, Gustavo conquistou o 1º lugar geral na categoria de 25 a 29 anos, completando os 42 km em impressionantes 2h31min19s. Não bastasse esse feito, ele ainda chegou em 18ª colocação geral entre todos os atletas da prova, um resultado importantíssimo que não apenas o coloca entre os melhores do Brasil, como também o credencia para participar da tradicional Maratona de Boston, uma das provas mais prestigiadas do mundo. Para Casa Nova, os desportistas que vibram por cada passo dado pelos seus filhos, essa vitória tem o sabor especial de sonho realizado, orgulho coletivo e esperança de dias ainda mais gloriosos para o esporte local.

Mas a festa não parou por aí! A equipe Acelerados foi muito bem representada. Ao lado de Gustavo, outros nomes fizeram bonito em terras gaúcha. Francisca, esposa de Manoel Dionísio, brilhou como a primeira mulher da cidade a completar maratonas e mais uma vez superou seus próprios limites. Ela não apenas bateu seu recorde pessoal com o tempo de 3h48min35s, como também garantiu pela segunda vez o índice para Boston, chegando em 12º lugar na sua faixa etária. É a força feminina ganhando espaço, visibilidade e reconhecimento! Manoel, que é uma lenda viva do atletismo em Casa Nova, desta vez não pôde competir por conta de uma lesão, mas esteve presente, incentivando e compartilhando sua experiência, como verdadeiro apaixonado pelo esporte e símbolo de superação. E não podemos esquecer de Cláudio, o quarto integrante dessa delegação que fez história. Com foco e constância, ele cruzou a linha de chegada com um excelente tempo de 3h30min31s, consolidando uma performance coletiva que enche de orgulho todos os casanovenses. Juntos, esses atletas não apenas correram uma maratona, eles levaram no peito o nome de Casa Nova, mostrando ao Brasil que os sonhos nascem em qualquer lugar, até mesmo nas cidades mais distantes do mapa. A emoção, o esforço e a superação de cada um deles agora ecoam pelas ruas da cidade, inspirando novas gerações a calçarem seus tênis e acreditarem que tudo é possível quando se corre com o coração.

Nossos atletas Acelerados: Francisca, Gustavo, Cláudio e Manoel Dionisio.

Que venha Boston — Casa Nova já está lá, em alma, suor e espírito vencedor.

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