Corredores amadores se emocionam na São Silvestre, em São Paulo
Para milhares de pessoas, o ano só termina quando é disputada a prova de São Silvestre, a mais tradicional corrida de rua do Brasil, no último dia do ano. Há 97 edições, ela é realizada em São Paulo atraindo atletas de todo o mundo, de todas as cores e idades. Josi disputa a prova há dez anos. Mas há três ela tomou a decisão de correr acompanhada do marido Edernir, 48 anos, e da filha Camila, uma mulher especial e cadeirante, de 23 anos.
“A São Silvestre é uma realização”, disse hoje (31) Josi dos Santos, uma corredora amadora da cidade de Campo Alegre, em Santa Catarina. “No fim do ano tem que ser a São Silvestre”, disse ela, em entrevista à Agência Brasil.
“Sempre corríamos sozinhos. Só nós dois [ela e o marido]. Mas agora colocamos nossa filha para correr junto”, contou a atleta, a gente pensa que é uma corrida difícil. Mas, para ela [a filha] é uma corrida muito acolhedora. Todo mundo a inclui. Não somos invisíveis. Antes, a gente era invisível. Agora, com ela, a gente não é mais”, afirmou Josi. O marido participa da prova desde 1994. “É muita emoção. Não tenho palavras para descrever [como é correr a São Silvestre]. É muito bacana. São mais de 30 mil atletas participando e eu estou aqui junto [deles]”, disse.
Acrescentou que a meta de correr a prova todos os anos não é vencer nenhum atleta africano. Os corredores da África são sempre favoritos. “O objetivo é terminar a prova e estar aqui”, disse Edernir.
Fantasia foram criativas.
A nutricionista Angela Timóteo, 46 anos, participa da São Silvestre há mais de cinco anos. E para marcar o momento, ela sempre decide correr fantasiada, com o marido Valter Barbosa, de 57 anos. Ele, de Chaves. Ela, de Chiquinha. “No primeiro ano, eu não estava fantasiada. Mas daí decidimos vir de Chaves e de Chiquinha e vimos que o pessoal gostou. Todos ficaram felizes de ver a gente”, detalhou. A emoção de completar uma prova como essa, disse Angela, só é possível de se sentir correndo. “É só correndo mesmo para você saber. É sensacional”, salientou. Para Angela, o ano só termina após participar da São Silvestre. “[Nosso objetivo em 2023] é correr novamente. A gente vira o ano já pensando na São Silvestre do próximo ano”, brincou ela.
Energia boa emanada em cada quilometro percorrido. Os pelegrinos do Caminho de Santiago, Assenção de Fátima Serrano Dias Santos, 59 anos, e Angelo Mansur Mendes, 60 anos, comprovam que correr a São Silvestre não tem idade. Assenção participa da prova pela primeira vez. “Estou ansiosa. Faço caminhadas de longa distância. Mas um evento como esse é um tanto diferente. E a energia está sendo muito boa. Já encontrei amigos e estou feliz. Vou fazer 60 anos no ano que vem. E antes dos 60 eu queria uma [disputar uma] São Silvestre. Agora, quero a medalha para dividir com a família”, disse ela, que brinca afirmando que a prova é uma “corriminhada [mistura de corrida com caminhada] porque há vários percursos mais pesados, várias subidas” e parte do percurso é preciso fazer caminhando, e não correndo.
Angelo Mansur Mendes já correu uma São Silvestre antes. “Foi uma diversão. Não dá nem para correr direito porque é muita gente. Mas o povo é muito animado. A recepção do povo de São Paulo é fantástica, o pessoal que vem de fora também, a energia é muito gostosa. É muito bom estar aqui”, confessou. Para ele, que já participa pela segunda vez, o trecho mais difícil da prova não é o final, a temida subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, mas o início. “Para mim, o trecho mais difícil é o início. Você acha que não vai conseguir. Depois, você começa a perceber que relaxa. Na Brigadeiro, no ano passado, até me ofereceram um chopp na subida. Foi muito legal. A gente agora fecha o ano e acredito que o ano que vem será muito melhor”, afirmou Angelo.
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